Conforme explica o Pe. Jose Eduardo de Oliveira e Silva, sacerdote católico, a vida e o testemunho de São Francisco de Assis permanecem como fonte de inspiração, sobretudo em tempos marcados por profundas crises ambientais, sociais e espirituais. A espiritualidade franciscana oferece caminhos concretos para compreender a ecologia integral apresentada pela Igreja.
Mais do que uma simples preocupação ecológica, trata-se de uma visão ampla, que une cuidado com a criação, justiça social e renovação espiritual, lembrando que tudo está interligado. Veja mais na leitura abaixo:
São Francisco e a ecologia integral: a fé católica e o cuidado com a criação
A fé católica reconhece desde os primeiros séculos que o mundo criado é dom de Deus confiado ao homem. Como destaca Pe. Jose Eduardo de Oliveira e Silva, São Francisco enxergava na natureza não apenas utilidade, mas uma revelação da bondade divina. Chamava de irmãos e irmãs os elementos da criação — o sol, a lua, a água, os animais —, revelando uma visão profundamente cristã e integradora. Esse olhar convida à gratidão e à responsabilidade diante dos recursos que sustentam a vida.
Essa perspectiva está presente na Bíblia, sobretudo no livro do Gênesis, onde o ser humano é chamado a cultivar e guardar o jardim. Não se trata de dominar ou explorar de forma predatória, mas de assumir o papel de guardião da criação. Essa missão ganha especial relevância hoje, diante das consequências do consumismo e da degradação ambiental. Inspirados pelo exemplo de São Francisco, os cristãos são chamados a viver um estilo de vida mais simples, marcado pela sobriedade e pelo cuidado com os dons de Deus.
Ecologia integral e Magistério da Igreja
A ecologia integral, apresentada de modo profundo na encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, é uma continuidade do legado franciscano. De acordo com o Pe. Jose Eduardo de Oliveira e Silva, o Magistério da Igreja mostra que a degradação do ambiente não pode ser separada da injustiça social. Quando a criação sofre, quem mais padece são os pobres e vulneráveis, evidenciando que a crise ecológica é também uma crise moral, ética e humana.

Nesse horizonte, a ecologia integral propõe uma conversão de mentalidade. Ela chama cada fiel a reconhecer que a vida espiritual deve se refletir em escolhas cotidianas, desde o modo de consumir até a forma de se relacionar com o próximo. São Francisco já antecipava esse ensinamento ao reconhecer em toda criatura um irmão a ser respeitado. Assim, o compromisso com o meio ambiente torna-se também compromisso com a justiça, com a dignidade humana e com a promoção do bem comum.
Espiritualidade, oração e compromisso prático
A espiritualidade franciscana demonstra que a oração não é desligada da realidade, mas fonte de força para a ação transformadora. Segundo o Pe. Jose Eduardo de Oliveira e Silva, São Francisco não se limitava a contemplar a beleza da criação: sua oração se concretizava em escolhas radicais de pobreza, fraternidade e serviço. Esse testemunho ensina que a espiritualidade autêntica deve se traduzir em gestos de cuidado e solidariedade.
A ecologia integral, nesse sentido, não é apenas teoria, mas prática cotidiana. Ela se manifesta em atitudes concretas, como evitar desperdícios, consumir de forma responsável, apoiar iniciativas sustentáveis e promover a justiça social. Esses gestos simples, inspirados pela fé católica, refletem a consciência de que a criação é expressão da bondade de Deus. Ao unir espiritualidade e compromisso prático, o cristão torna-se agente de transformação, colaborando para a renovação da sociedade e do planeta.
Conclui-se assim que, São Francisco de Assis continua sendo um farol para o nosso tempo, testemunhando que simplicidade, fraternidade e cuidado integral são caminhos de santidade e de futuro para a humanidade. Para o Pe. Jose Eduardo de Oliveira e Silva, a ecologia integral vai além da preservação ambiental: é uma forma de viver a fé católica em sua totalidade, unindo oração, ética e responsabilidade social. Ao seguir esse exemplo, cada cristão pode se tornar construtor de um mundo mais justo, fraterno e sustentável.
Autor: Sergey Sokolov