Candidato acusa fiscais de propina em Cuiabá; sindicato o chama de desequilibrado

By Rafaela Ferini

O Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do município de Cuiabá (Sindarf-MT) reagiu contra uma acusação do candidato a prefeito, Abílio Júnior, o Abilinho (Podemos), que colocou toda acategoria sob suspeição ao alegar que a burocracia na emissão de alvarás para obras existe para gerar corrupção, permitindo que os fiscais exijam dinheiro de forma ilegal para autorizar obras na Capital. A entidade emitiu uma nota de repúdio nesta quarta-feira (21) informando que exigirá retratação.

Também anunciou que vai acionar o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) denunciando fake news e buscará a Justiça com ação de indenização por danos morais coletivos. A nota foi divulgada para rebater as declarações feitas pelo candidato num debate da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio-MT).

Durante a sabatina, o vereador que tenta ser o próximo prefeito de Cuiabá foi questionado sobre a morosidade na análise de documentos de alvarás para início de obras em Cuiabá e caso seja eleito como pretende resolver essa longa espera. E respondeu que se for eleito irá acabar com o cargo de analista de projetos para automatizar todo o processo de emissão dos documentos que autorizam construções na Capital.

Alegou que hoje tudo é digital e não há, em sua avaliação, mais necessidade de continuar existindo analista para averiguar a documentação apresentada pelo cidadão que vai iniciar uma obra. “Chega de analista pegar o projeto e ficar respondendo que tem outro defeito, ai você arruma, outro defeito, você arruma, outro defeito. É burocracia para gerar corrupção, para fiscal ir na obra depois pegar e morder um dinheirinho seus na sexta-feira a tarde dizendo que precisa de um recurso, burocracia gera corrupção, vamos acabar com a burocracia”, disparou Abilinho no debate.

Para o Sindarf, o candidato ofendeu a honra de centenas de servidores da fiscalização de obras, quando afirma que “analistas de projetos ficam inventando defeitos para fiscalizar a obras na sexta feira para morder um dinheirinho seus”. A diretoria do Sindicato afirma que Abilinho espalha notícias mentirosas, popularmente conhecidas como fake news numa clara conduta de má-fé.

Ressalta que a liberdade de pensamento deve preservar a dignidade humana, de modo que Abilinho ao alegar sem nenhuma prova que “fiscais vão na obra na sexta-feira morder um dinheirinho” fez imputação falsa e ilegal contra toda uma categoria.

“Falando apenas para agradar a plateia, mostrou completo desconhecimento do assunto. Primeiro diz que basta inserir os dados no “sistema” (sistema esse que nem existe ainda). Mas quem garante que tais dados inseridos pela parte interessada na obra seriam fidedignos? Quem vai garantir a regularidade da obra frente ao projeto inserido no sistema se não o fiscal? Quem vai garantir a segurança das pessoas sem fiscalização? O candidato que não é!!!”, contrapõe o sindicato.

Ainda conforme o Sindarf, o candidato Abilinho se mostra totalmente despreparado para ocupar o cargo de prefeito de Cuiabá e demostra ignorância sobre o  assunto e a função desempenhada pelos fiscais. “Não bastasse essa visão do ‘mundo da lua’, ainda mostra desconhecimento no que se refere ao Estatuto das Cidades, que instituiu a Gestão Democrática do Planejamento Urbano, criando as figuras do Estudo de Impacto Ambiental/EIA e Estudo de Impacto de vizinhança/EIV””, cita a nota.

O sindicato observa que se Abilinho tem alguma denúncia de corrupção, por dever de ofício como vereador, deveria denunciar aos órgãos de controle sob pena de prevaricação se não o fizer. “Se acusa toda uma classe de ser corrupta apenas para agradar a plateia e ganhar curtidas no Facebook, mostra que lhe falta caráter e maturidade para pleitear ser prefeito de nossa capital. O candidato da lacração se esquece que política é coisa séria e, não serve apenas para ganhar likes em redes sociais. Que políticas públicas e legislações servem para regular a vida em sociedade, tornando o crescimento das cidades sustentável e agradável para a vida em comunidade”.

Por fim o Sindicato dos Fiscais diz que Abilinho é desequilibrado e não merece ser eleito. “Candidato que não mostra equilíbrio na hora de responder uma simples pergunta, já demonstra como será seu tratamento com os demais servidores municipais. Repudiamos o triste episodio ocorrido, bem como qualquer ato semelhante desrespeitoso, leviano e imoral para com servidores que apenas cumprem a lei, trabalharemos pelo esforço de uma sociedade mais justa e correta, sempre com papel orientador e educativo”.

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