A Justiça manteve a prisão de Carlos Alberto Gomes Bezerra, de 58 anos, filho do ex-deputado federal Carlos Bezerra (MDB), preso no dia 28 de fevereiro, em Cuiabá, por descumprir a prisão domiciliar e fazer diversos deslocamentos não autorizados pela Justiça. Ele é acusado de premeditar e assassinar a ex-mulher dele, Thays Machado, de 44 anos, e o então namorado dela, Willian César Moreno, de 30 anos, em janeiro de 2023.
A decisão unanime desta quarta-feira (17) é da Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). O relator do caso é o desembargador Marcos Regenold Fernandes.
Filho de ex-deputado volta à prisão em Cuiabá
Segundo o desembargador, não houve qualquer ilegalidade na decisão que revogou a prisão domiciliar, e que nada impedia o estabelecimento de outras medidas cautelares.
A decisão que revogava a prisão é da juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Correa. Conforme o documento, Carlos Bezerra saiu de casa várias vezes para ir a supermercados da capital, rodeado por seguranças.
“Pelo conjunto probatório acostado aos autos, que o comportamento do requerido, desrespeitando a cautelar de recolhimento domiciliar, externa seu completo desprezo pelas decisões deste Juízo, demonstrando que as medidas cautelares deferidas, são inócuas para conter seu espírito transgressor”, diz trecho da decisão.
Prisão domiciliar
Carlos conseguiu na Justiça o direito à prisão domiciliar em novembro do ano passado após a apresentação de um laudo médico. A defesa do empresário alegou que ele tem problemas de saúde e, por isso, a necessidade do tratamento realizado em casa.
No entanto, o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) pediu pela revogação da prisão domiciliar após denúncias de que ele estava andando pelas cidade sem autorização. Segundo o MP, isso representa “uma afronta à justiça e à sociedade, e uma ameaça aos familiares e testemunhas do processo”.
Em outro requerimento, o MP pediu novamente a prisão do réu. No pedido, o promotor Jaime Romaquelli cita que o laudo médico apresentado pela defesa de Carlos é de “confiança duvidosa”, já que os exames não dizem respeito à condição médica do acusado antes do crime e nem sobre o quadro de diabetes alegada.
Na época do crime, a defesa de Bezerra alegou que ele estava passando por uma “neuropatia diabética”, o que provocava um “descompasso emocional”. Na decisão, a juíza esclareceu que esse sintoma é anterior ao crime.
“Além disso, a neuropatia diabética não gera agressividade, descontrole e nem violência capaz de levar a prática de feminicídio e homicídio qualificado”, disse.
Thays e Willian foram assassinados em janeiro de 2023, em Cuiabá, no Bairro Alvorada. Na manhã anterior ao crime, Thays teria feito um boletim de ocorrência contra o principal suspeito, o ex- namorado Carlos Alberto Gomes Bezerra, filho do deputado federal por Mato Grosso Carlos Bezerra (MDB).
O crime aconteceu quando ela estava no prédio para devolver o carro que havia emprestado da mãe para buscar o namorado no aeroporto. Câmeras de segurança registraram as vítimas caminhando juntas momentos antes de serem assassinadas.
De acordo com o delegado Marcel, o acusado premeditou o assassinato e agiu por ciúmes, sendo motivado pela “emoção de vê-la se relacionando com outro homem”.
A polícia descobriu que Thays Machado era monitorada pelo ex-namorado por meio de uma ‘central de controle’, com informações detalhadas do dia a dia da vítima. Na casa do investigado, foram encontrados 71 prints de localizações dos lugares que a mulher frequentava. Carlos fazia o download no celular dele e, depois, imprimia a geolocalização. O investigado instalou os programas quando ainda se relacionava com a vítima.
Os investigadores encontraram ainda um caderno onde tinha as anotações com datas e locais que os aparelhos foram instalados. Assim, ele poderia saber até quanto tempo de bateria duraria os aparelhos de monitoramento.
De acordo com o delegado, familiares de Thays foram ouvidos e afirmaram que o suspeito era “extremamente ciumento e possessivo”. Ele e a vítima mantinham um relacionamento há alguns anos, entre idas e vindas. O término mais recente ocorreu há cerca de 45 dias e ela estava com o novo namorado há menos de um mês.
Após empreender fuga, Carlos foi detido pela polícia em flagrante. Ele passou por audiência de custódia, na qual teve a prisão convertida para preventiva e, em seguida, foi encaminhado para a Penitenciária Central do Estado (PCE), na capital.
A polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dele e encontrou várias provas que corroboram a versão de que ele premeditou o crime.