Oluwatosin Tolulope Ajidahun esclarece que, em muitos casos de falha de implantação embrionária, a causa não está na qualidade do embrião, mas no próprio endométrio. O tecido que reveste o interior do útero precisa estar em condições ideais para permitir que o embrião se fixe com segurança e se desenvolva. Quando há alterações em sua estrutura, composição ou resposta inflamatória, o processo de implantação pode não ocorrer, mesmo em ciclos bem conduzidos de reprodução assistida.
A espessura endometrial, a janela de receptividade e a presença de inflamações crônicas silenciosas são os principais aspectos avaliados durante a investigação desses casos. O sucesso de uma gestação depende, em grande parte, da sincronia entre o desenvolvimento embrionário e a preparação do endométrio, qualquer desequilíbrio nesse processo pode comprometer as chances de gravidez.
Espessura endometrial e receptividade uterina
Para Tosyn Lopes, a espessura do endométrio no momento da transferência embrionária é um indicador importante da receptividade uterina. Um endométrio muito fino, geralmente abaixo de 7 mm, está associado a taxas mais baixas de implantação. Já um endométrio excessivamente espesso também pode dificultar a fixação, indicando possíveis alterações hormonais ou inflamatórias.
Além da espessura, a qualidade da resposta endometrial aos hormônios também é fundamental. Mesmo que a aparência e a medida estejam dentro dos parâmetros ideais, o tecido pode não estar biologicamente receptivo. Por isso, exames como o ERA (Endometrial Receptivity Array) têm ganhado espaço na prática clínica, permitindo avaliar o momento exato em que o endométrio está apto para receber o embrião.
Inflamação crônica e microbioma uterino
Tosyn Lopes comenta que outro fator relevante na falha de implantação é a endometrite crônica, uma inflamação silenciosa que muitas vezes passa despercebida. Causada por desequilíbrios no microbioma uterino ou infecções leves e persistentes, essa condição altera a função celular do endométrio e pode impedir a adequada comunicação entre o embrião e o útero. Na maioria dos casos, a mulher não apresenta sintomas evidentes, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Testes moleculares para análise do microbioma e biópsias endometriais para identificação de marcadores inflamatórios têm sido utilizados para detectar essas alterações. Quando diagnosticada, a endometrite pode ser tratada com antibióticos específicos, melhorando significativamente as chances de sucesso nos ciclos seguintes.

Abordagem clínica e tratamento personalizado
Segundo Oluwatosin Tolulope Ajidahun, o tratamento das alterações endometriais depende da causa identificada. Nos casos de espessura inadequada, pode-se utilizar estratégias hormonais para melhorar o desenvolvimento do tecido. Se a janela de receptividade estiver desajustada, os protocolos podem ser adaptados para sincronizar a transferência embrionária com o momento ideal do endométrio.
Já em casos de inflamação ou alteração do microbioma, o uso de antibióticos, probióticos e, em alguns casos, corticosteroides, tem mostrado resultados promissores. O acompanhamento cuidadoso e a personalização do tratamento são essenciais para garantir que o útero esteja preparado para acolher o embrião em um ambiente biologicamente equilibrado.
Superando barreiras invisíveis à implantação
Tosyn Lopes reforça que, embora as alterações endometriais muitas vezes sejam imperceptíveis em exames convencionais, elas têm impacto direto nos resultados da reprodução assistida. Por isso, a investigação detalhada do endométrio deve fazer parte da rotina de avaliação de pacientes com falhas de implantação recorrentes, especialmente quando embriões de boa qualidade estão envolvidos.
Por fim, é possível destacar que os avanços da medicina reprodutiva permitem hoje identificar e tratar essas barreiras invisíveis com mais precisão do que nunca. A personalização do tratamento, com base em exames moleculares e hormonais, transforma o cenário para muitas mulheres, oferecendo novas possibilidades de alcançar uma gestação bem-sucedida.
Autor: Sergey Sokolov
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